quarta-feira, 29 de abril de 2015

Do pó e da costela


Do pó e da costela

Um espírito solitário,
No meio do nada,
Pairava sobre as águas
Da terra desencantada.

Sem forma, sem cores,
Vazia.
E no primeiro haja,
Uma claridade luzia.

Via bonança no que fazia
E, os verbos da criação,
Seguiram-se,
Por mais cinco dias.

No Éden,
Juntou costela ao pó,
Tirando da espécie
O terror de viver só.

Da árvore do nosso pacto,
Fruto não comerá somente
- dizia o arquiteto
No jardim oriente-.

Da queda
Resultou dualidade.
O bem e o mal
Roubava-nos eternidade.

A desobediência do gênero:
Sujeitos da criação
Modificando linhas
No projeto retidão.

Pela vingança ficara a terra
Sem forma e vazia.
Sobre a face das águas
A arca movia.

Sávio Oliveira Lopes


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