Este blog foi criado para postagens de poesias de autoria de Sávio Oliveira Lopes.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
ONTEM, HOJE, AMANHÃ
Cogitei viver o hoje,
Intensamente,
Alheio as inquietações
Do ontem e do amanhã.
Alheio as inquietações
Do ontem e do amanhã.
Se me prendo ao passado,
Tenho melancolia,
E, se me amarro ao futuro,
Vem-me ansiedade.
Tenho melancolia,
E, se me amarro ao futuro,
Vem-me ansiedade.
Mas como acharei a reflexão
Sem a experiência pretérita
E a esperança vindoura?
Sem a experiência pretérita
E a esperança vindoura?
Perdendo a inquietação,
Deixo ir a almejada maturidade,
Que leva consigo a poesia.
Deixo ir a almejada maturidade,
Que leva consigo a poesia.
Para cada hora,
Realmente vivida,
Passo incontáveis momentos
Na doce entrega de meditá-la.
Realmente vivida,
Passo incontáveis momentos
Na doce entrega de meditá-la.
Escolhas nascem em lembranças
E a razão do meu presente
Se justifica nos planos porvir.
E a razão do meu presente
Se justifica nos planos porvir.
Não devo,
Por conseguinte,
Viver um só tempo.
Por conseguinte,
Viver um só tempo.
O equilíbrio do
Ontem, hoje e amanhã
Me fará Ser Inteiro.
Ontem, hoje e amanhã
Me fará Ser Inteiro.
Sávio Oliveira Lopes
CONFLITOS DA SUA LIBERDADE
Diminuem-me o flagelo das horas,
Derrotando o tempo a sensibilidade.
Janelas abertas na lembrança
Arejam a consciência
Com o ar impuro da suspeita.
Janelas abertas na lembrança
Arejam a consciência
Com o ar impuro da suspeita.
Cavo fundo, com a pá do desalento,
Palavras enterradas na alma.
Meu corpo soa a fadiga da mente...
Palavras enterradas na alma.
Meu corpo soa a fadiga da mente...
A surpresa da experiência
Vem de repente e inteira,
E sofre a pena o arrependimento.
Vem de repente e inteira,
E sofre a pena o arrependimento.
O hábito que nos treina resiste ao instinto
E, nos extremos do inconveniente,
A majestade exibe prudência.
E, nos extremos do inconveniente,
A majestade exibe prudência.
Oh, mente apressada,
A ti o mundo é pequeno!
− Às vezes, estar só, traz uma liberdade boa;
Às vezes, estar só, é um vazio deprimente... −
A ti o mundo é pequeno!
− Às vezes, estar só, traz uma liberdade boa;
Às vezes, estar só, é um vazio deprimente... −
Ri da piada, mesmo sem entendê-la,
Como também vou existindo
Sem compreender a existência.
Como também vou existindo
Sem compreender a existência.
Hormônios levam-nos
À finalidade dual da espécie
E é um martírio resistir à biologia.
À finalidade dual da espécie
E é um martírio resistir à biologia.
Amo as crianças, em seu direito de sê-las,
Mas tu, mulher...
Vives a mente de uma década atrás,
No fugir ligeiro das nossas tramas.
Mas tu, mulher...
Vives a mente de uma década atrás,
No fugir ligeiro das nossas tramas.
Palavras provocaram seu pensamento
E um silêncio caiu, de repente,
Quando, na ponta dos dedos, traduzi memórias,
Imaginando soluções para os conflitos da sua liberdade.
E um silêncio caiu, de repente,
Quando, na ponta dos dedos, traduzi memórias,
Imaginando soluções para os conflitos da sua liberdade.
Fui tecendo emoções,
Como aranha produzindo teias,
Olhei minha obra e a vi
Como invenção recente
De uma experiência que não deu certo.
Como aranha produzindo teias,
Olhei minha obra e a vi
Como invenção recente
De uma experiência que não deu certo.
Tanto o vento uivou... e a maré aborreceu
Os nossos nomes escritos na areia,
Resfriando-nos os anseios da posteridade.
M’alma saiu num espirro...
Os nossos nomes escritos na areia,
Resfriando-nos os anseios da posteridade.
M’alma saiu num espirro...
Sávio Oliveira Lopes
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Livro Retinas de cada tempo
Publicado o novo livro de poesia de Sávio Lopes. A obra tem poemas com temáticas variadas e possui 188 páginas.
sábado, 2 de maio de 2015
Livro: Variações de Sentido
Fale com o autor pelo Facebook para adquirir a obra
Publicado o livro de Poesias Variações de Sentido de Sávio Lopes. A obra tem 176 páginas e está sendo vendida por R$ 20,00 (vinte reais). Pode ser adquirida diretamente com o autor ou na Livraria Nobel do Montes Claros Shopping, em Montes Claros - MG.
Publicado o livro de Poesias Variações de Sentido de Sávio Lopes. A obra tem 176 páginas e está sendo vendida por R$ 20,00 (vinte reais). Pode ser adquirida diretamente com o autor ou na Livraria Nobel do Montes Claros Shopping, em Montes Claros - MG.
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Mantenha a fé
Mantenha
a fé
Quando
uma boa opção
É
apenas mais uma
Dentre
várias possibilidades;
Quando
não se vê
A
luz do caminho certo
E
a sua visão é um espectro
De
caminhos paralelos;
Quando
você faz uma escolha
E
depois abandona a ideia;
Quando
você chega a uma conclusão
E
depois duvida dela;
Sua
vida fica assim,
Escrava
de pensamentos;
A
cabeça gira, perdida no tempo.
Mantenha
a fé.
Haverá
uma luz para te guiar,
Uma
mão estendida
Para
te ajudar a superar.
Quando
há fé na promessa,
O
caráter se eleva,
A
aflição se rende à espera;
E
não padece.
Sávio Oliveira Lopes
Aprendendo com os animais
Aprendendo com os animais
A
natureza
E
seus animais inspiradores!
Não
são deveras exemplos de valores?
Vejamos,
pois:
A
confiança e o cálculo
Do
macaco
Ao
saltar de galho;
O
amor da galinha,
Que
ao ver o gavião,
Envolve
nas asas sua cria;
A
esperteza do camaleão que
Ao
ver a presa, muda de cor,
E
garante refeição.
A
prudência da formiga,
Que
armazena na abundância
E,
na crise, garante comida à barriga;
A
obediência de um cavalo,
Que
faz do homem
Passageiro
alado;
A
adaptação do sapo
Que
aprendeu a viver
Na
água e no mato.
E
tantos outros exemplos,
Que
com os animais aprendemos,
Nos
seus naturais comportamentos!
Sávio Oliveira Lopes
Cinderela
Cinderela
Ela
disfarçava,
Balbuciando
palavras,
O
que eu não conseguia evitar
Na
fulgura do olhar.
Publiquei
no rosto o que queria,
Mas
inerte me mantinha;
Oh,
o tempo é um vapor!
Ela sorriu,
Por
uns segundos me olhou nos olhos,
E
me beijou.
O
êxtase pela minha sorte
Foi
enorme!
Não
o sentiram os turcos
Na
queda de Constantinopla;
Nem
Colombo,
Em
seu momento de glória.
A
emoção que nos leva às nuvens,
Soltou-me
sem paraquedas:
Dissera
o meu amor
Não
querer aliança, casamento ou qualquer amarra a ela.
Oh,
não sentiu tamanha tristeza Napoleão perdendo a guerra!
Nem
Luther King ao ver seu sangue verter a terra!
Com
lágrimas,
Minha
velha sina se encerra,
E,
meu ciclo de felicidades curtas
E
prazeres fragmentados se completa,
Vendo
despedir-se, cabelo ao vento,
Minha
cinderela.
Sávio Oliveira Lopes
Fuguera
Fuguera
Nessi cantin di sertãu,
É só inverná
Qui nois faz programaçãu.
A noiti cai,
E nois cata madera
Pra pudê acendê fuguera.
Em vorta du fogaréu
Nois faz uma roda
Pra ouvi u istralá da viola.
Quandu a moda toca,
Homi valenti chora e
Moça bunita pra nois oia.
Nessi cantin di sertãu,
Nois faz fuguera no chãu
E atiça fuguera de amô nu coraçãu.
Sávio Oliveira Lopes
Achados e perdidos
Achados e perdidos
Ouvia os relatos detalhados
Que fizeram o povo nômade
Ter um reino achado.
Mimetizava as emoções,
Que satirizavam o sentido
Do refúgio dos perdidos.
Na face vestia uma sagrada calma,
Contrastando a veraz
Nudez agônica da alma.
Concentrava o espírito,
Querendo também a visão,
Que diziam ter do martírio.
Alimentar persistência morta
É o mesmo que
Não ter fé na sua obra.
No incerto destino,
Seguiam iludidos
Os achados e perdidos.
Sávio Oliveira Lopes
CALMA ALMA
CALMA
ALMA
Aproveitar o
tempo
E não se privar
Da felicidade do momento.
E não se privar
Da felicidade do momento.
Relativizar,
adaptar, perdoar
E pouco das pessoas esperar:
Onde há variação de luz
Habita as sombras,
E, só no raio do sol,
Escuridão não se encontra.
E pouco das pessoas esperar:
Onde há variação de luz
Habita as sombras,
E, só no raio do sol,
Escuridão não se encontra.
Quando há
Um pouco de dúvida na certeza,
A decepção é mais suave
Na cabeça.
Um pouco de dúvida na certeza,
A decepção é mais suave
Na cabeça.
Que antes morram
Os sentimentos que nos matam;
O ciclo gira, passa,
E a sorte um dia encontra
A alma calma.
Os sentimentos que nos matam;
O ciclo gira, passa,
E a sorte um dia encontra
A alma calma.
Mais depressa
Leva a inércia ao abismo
Do que a perseverança
Que põe o juízo em risco.
Leva a inércia ao abismo
Do que a perseverança
Que põe o juízo em risco.
Sávio Oliveira Lopes
Em paz
Em
paz
Sobre
ter esperança,
Vivo
a ganhar e perder.
Mas,
mesmo quando a vida me derruba,
Há
uma fé que não se esvai
E
permanece firme na cabeça:
A
de que um dia vou encontrar alguém
Que
vai compensar a soma
De
todas as minhas perdas.
Sem
pressa, seguirei em paz.
Sávio Oliveira Lopes
Prutitititi
Prutitititi
Cachoeira do Bananal,
Terra que adoro,
Cantinho do sertão
Bom para se entreter
(quando a seca não lhe castiga).
Sua beleza faz o homem,
Do campo ou da cidade,
Sentir a emoção de estar vivo
E dar novos valores à vida bendita.
Não tem mar, nem belos rios perenes;
Tampouco faz jus ao nome,
Há poucas bananas (e sempre verdes).
Mas é abraçada de belos outeiros,
Tem o ar puro da natureza
E o carinho dos sertanejos.
Nesse chão norte - mineiro,
Na casa dos avôs me abrigo
E, no fim da madrugada,
Já se inicia o agito,
Com o cantar do galo,
O berrar do gado
E vô Abraão acordando os hóspedes,
Com a moda de viola no rádio.
Da janela do quartinho,
Vejo o ritual dos vaqueiros,
Secando o leite nas vaquinhas,
Para o desespero dos bezerros.
Sentar no passeio da casa
É algo prazeroso;
Lá ouço vô Abraão
Contar “causos” fabulosos,
Depois do almoço.
Mas tem algo que,
Desde criança,
Adoro mais
Que os outeiros, os “causos” e bezerros:
É o prutitititi de vó Vita,
Jogando milho,
Para as galinhas no terreiro.
Sávio Oliveira Lopes
Método Socrático
Método Socrático
Alguns perguntam onde busco inspiração.
Não a busco;
Sempre a encontro por acaso
Nas peripécias da vida.
Alguns me chamam de romântico
Porque falo de amor.
De fato, amo o amor,
Mas dele não conheço a compleição.
Alguns me lisonjeiam com palavras calorosas;
Insistem que descrevi,
Nas suas situações amorosas,
O amor com exatidão.
Sorrio,
Mas nem sempre acredito,
Pois vejo o amor
Como ciência imprevisível.
Se o amor fosse uma ciência exata,
O cálculo das probabilidades o excomungaria,
Pois iria prever que, por vezes,
Os infortúnios são maiores que as alegrias.
Permaneço, por fim,
No meu método socrático,
Pois, do amor enigmático,
Só sei que nada sei.
Sávio Oliveira Lopes
Do pó e da costela
Do
pó e da costela
Um
espírito solitário,
No
meio do nada,
Pairava
sobre as águas
Da
terra desencantada.
Sem
forma, sem cores,
Vazia.
E
no primeiro haja,
Uma
claridade luzia.
Via
bonança no que fazia
E,
os verbos da criação,
Seguiram-se,
Por
mais cinco dias.
No
Éden,
Juntou
costela ao pó,
Tirando
da espécie
O
terror de viver só.
Da
árvore do nosso pacto,
Fruto
não comerá somente
-
dizia o arquiteto
No
jardim oriente-.
Da
queda
Resultou
dualidade.
O
bem e o mal
Roubava-nos
eternidade.
A
desobediência do gênero:
Sujeitos
da criação
Modificando
linhas
No
projeto retidão.
Pela
vingança ficara a terra
Sobre
a face das águas
A
arca movia.
Sávio Oliveira Lopes
Viva La vida
Viva La vida
Tardia sorte,
De só sentir a vida
Com a chegada da morte.
Tardia sorte,
De só sentir a vida
Com a chegada da morte.
Em seu último ato,
Subiu no pico da montanha,
E ao ver a glória do mundo,
Rasgou o que restara de juízo,
Gritando de braços abertos
À beleza do universo.
Era um marciano,
Vendo a terra
Pela primeira vez;
Era um homem
Na iminência do fim,
Perdendo a insensatez.
Ironia só valorar
vida
Quando a morte
Vem encerrar lida.
O esquife desce a ladeira,
Carregando coroas de
violeta,
Que decorarão o
chão de terra preta.
Sávio Oliveira Lopes
Meu amigo
Meu
amigo
Meu
amigo veio me visitar,
Trazendo
uma tristeza que tinha,
Pensando
comigo achar
Palavra
de animo ou alegria.
Há
tempo habita em mim uma alma vazia,
Que,
da audiência do bom conselho,
Opera
à revelia.
Mesmo
assim, fiz o que podia.
Falei:
“Mantenha fé. A felicidade tem seu dia.”
E
não contei ao meu amigo
A
dor que eu também sentia.
Ele
foi embora melhor,
E
eu pensei:
“Bom,
é irônico
Um
enfermo curar um doente,
Mas,
mesmo em meio à dor,
Que
não nos falte o amor
Capaz
de fazer um coração contente.”
Sávio Oliveira Lopes
As faces do poema
As
faces do poema
Escrever
é uma terapia
Que
põe o poeta
Em
outras frequências da imaginação.
No
mundo das ideias,
Reinam em paz o sim e o não;
Andam
de mãos dadas
A
loucura e a razão.
Diversas
são
As
interpretações do amor:
Um
poema divulgado
Não
é mais do poeta,
E
sim do leitor.
O
poeta também é leitor,
E,
por vezes,
Surpreende-se
com seu ardor,
Depois
de passadas as emoções
Que
o fizeram escritor.
E
vai além,
A
complexidade do tema,
Quando
o escritor também delira
Em
interpretações diversas
Do
próprio poema.
Sávio Oliveira Lopes
Salve-me
Salve-me
Não
há razão para fugir,
Se
do amor,
A
melhor liberdade,
É
a prisão de o sentir.
Quando
a felicidade
Requer
um ato de coragem,
O
risco,
Ao
lado da esperança,
É
bonito.
Em
cada gesto e palavra,
Tudo
o que você faz é belo;
Estive
perdido
E
vi em você o caminho certo.
A
vida nos tem sido cruel;
Poderemos
enfrentá-la sozinhos?
O
receio de um novo mal
Faz
todo recomeço carregar consigo
Um
medo natural.
Salve-me
dessa espera delongada,
O
silêncio nos faz frio na alma;
Na
decisão dos seus passos,
Condoe-se
com os calos
Que
em meus joelhos por ti faço.
Sávio Oliveira Lopes
terça-feira, 28 de abril de 2015
Estado imaginário
Estado imaginário
Não ouço mais vozes
Na madrugada,
Não vejo mais
Vultos na escuridão,
Deixei de acreditar
Em fantasmas,
Produtos da minha
criação.
Hoje tenho outros medos,
Outros tipos de
pesadelo,
Onde a possibilidade
É mais real
Que um mero devaneio.
Reconheci a vida
E admiti mitos,
mentiras.
E das mentiras as
verdades,
Que por mim não poderão
ser ditas.
De tudo que aprendi,
percebi,
Que o saber e a dúvida
Andam no mesmo passo
E o conhecimento
Leva-me a perguntas
Das quais as respostas
Nunca acho.
Queria de volta a
inocência,
Os primeiros erros
Do meu estado
imaginário;
Pois a multidão
Das minhas verdades
Afetam minha
tranquilidade.
Nos berços do meu
solilóquio
Vou juntando os dados,
Questiono as certezas,
E de silêncio as
embriago,
Quando a razão
Esclarece outra mentira
Deixando-me apavorado.
Sávio Oliveira Lopes
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